Com cerca de R$ 2 trilhões em reservas técnicas, o setor de seguros e resseguros brasileiro pode se tornar um dos principais motores do financiamento sustentável no país. A avaliação foi feita por Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), na abertura do Fórum “Diálogos COP30 – Seguros, Clima e Natureza”, realizado nesta sexta-feira (14), na Casa do Seguro, em Belém (PA), durante a COP30.
Organizado pela CNseg e pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), o evento reuniu lideranças do setor e especialistas nacionais e internacionais para discutir como o mercado segurador pode atuar como agente de resiliência climática e impulsionar projetos sustentáveis. “Se bem conduzidos, esses recursos podem financiar a transformação verde do país”, afirmou Oliveira.
A presidente do iCS, Maria Netto Schneider, destacou a importância de incorporar a precificação positiva da resiliência climática. “Quem investe de forma mais resiliente deve ter um melhor preço, ser incentivado a evitar riscos e incidentes — e não apenas subsidiado após o desastre”, pontuou.
Durante a abertura, Oliveira anunciou também o lançamento do Radar de Eventos Climáticos e Seguros no Brasil, um relatório que quantifica as perdas causadas por desastres naturais. O estudo identificou 67 eventos climáticos significativos entre 2022 e 2024, que geraram cerca de R$ 184 bilhões em prejuízos — apenas 9% deles cobertos por seguros.

Reflexos do clima no setor de seguros
O primeiro painel da tarde, “Reflexo do Clima no Setor de Seguros”, abordou como ciência e tecnologia podem apoiar a precificação, prevenção e mitigação de riscos em um cenário de eventos extremos cada vez mais frequentes.
A moderação ficou a cargo de Goret Pereira Paulo, diretora da Rede de Pesquisa da FGV, que lembrou a amplitude de oportunidades abertas pelas mudanças climáticas, da saúde à habitação. Já Eduarda La Rocque, diretora do IRB(RE), alertou para o “enorme gap de proteção securitária” no país, agravado pelo aumento de cinco vezes no número de desastres nos últimos 33 anos.
Jean Pierre Ometto, pesquisador do INPE, ressaltou o papel da plataforma Adapta Brasil no mapeamento de riscos, enquanto Pedro Farme D’Amoed, CEO da Guy Carpenter Brasil, trouxe dados da ONU: em 2024, desastres naturais somaram US$ 320 bilhões em perdas no mundo.

Fechando o painel, Pedro Werneck, gerente de Sustentabilidade da CNseg, detalhou as frentes em que os seguros se conectam à agenda climática. “O setor se comunica com a proteção, a indução de práticas socioambientais responsáveis e resilientes e viabilização de investimentos”, disse.
Seguros para Soluções Baseadas na Natureza
O segundo painel, “Seguros para Soluções Baseadas na Natureza (SbN)”, explorou como o mercado pode apoiar iniciativas como a restauração florestal e o agronegócio sustentável.
Isabella Modelli, da MAPFRE, anunciou que a empresa está desenvolvendo produtos voltados a florestas não comerciais, reforçando o papel do seguro na preservação ambiental. Guilherme Bastos, da FGV, destacou que práticas regenerativas aumentam a resiliência dos cultivos, permitindo melhor precificação dos riscos. Rodrigo Curi, da BRASILSEG, complementou que a inovação no uso de dados qualitativos e parcerias com produtores torna as apólices mais personalizadas e eficazes.
Experiências internacionais e novos paradigmas
A diretora de Sustentabilidade da FASECOLDA, Mabyr Valderrama, apresentou a experiência colombiana com seguros paramétricos voltados à proteção de recifes de coral contra furacões, destacando a relevância da biodiversidade como “o principal seguro da humanidade”.
Butch Bacani, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, reforçou que o setor deve agir não apenas como ressegurador, mas como investidor e agente de transformação. “Adaptação e mitigação são dois lados da mesma moeda. É uma ilusão achar que podemos nos adaptar a tudo”, afirmou.

Inovação e desafios financeiros
O painel final, “Promoção de iniciativas de seguros inovadores”, tratou dos obstáculos para escalar novas soluções climáticas. Frederic Olbert, da CARBONPOOL, reconheceu o potencial brasileiro em projetos de restauração e carbono, mas lamentou a dificuldade de acesso a financiamento. “Mesmo projetos reconhecidos globalmente enfrentam dúvidas sobre viabilidade e riscos que os bancos não querem assumir”, disse.
Jorge Gastelumendi, do Atlantic Council, e Svenja Surminski, da Marsh McLennan, enfatizaram a importância de reduzir riscos para atrair investimentos sustentáveis. Rachel Delhaise, da Convex Insurance/IDF, apresentou o Fundo de Desenvolvimento de Infraestrutura Resiliente, voltado a países emergentes, enquanto Adriana Campelo, da ONU, concluiu lembrando que “o desastre não é natural, é socioeconômico”.
No encerramento, o fórum consolidou o setor de seguros como um protagonista estratégico da transição climática, com potencial para alavancar trilhões em capital para a resiliência — desde que políticas públicas e mecanismos de risco caminhem lado a lado.

Seguros Unimed anuncia programa de monitoramento ambiental
A Seguros Unimed aproveitou o evento para anunciar o Programa de Patrocínio do Monitoramento de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), iniciativa pioneira no setor.
O projeto prevê a compensação anual de 500 toneladas de carbono e busca monetizar a proteção dessas reservas privadas, incentivando a criação de novas áreas protegidas. Desenvolvido em parceria com a 6Bios e a Biodiversitas, com auditoria da KPMG, o programa reforça o compromisso da cooperativa com o clima, a comunidade e o cooperativismo.
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