Apenas 6% das perdas no RS estavam seguradas

Perdas são estimadas em R$ 100 bilhões, enquanto mercado segurador indenizou cerca de R$ 6,1 bilhões; Dados são da CNseg
Dyogo Oliveira

A baixa penetração de seguros no Brasil continua sendo um dos principais desafios do setor segurador, apesar das projeções positivas para os próximos anos. Dados recentes da CNseg revelam que apenas 28,7% da frota nacional de veículos e 17% dos domicílios brasileiros possuem cobertura de seguros. Essa realidade se mostrou especialmente preocupante após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, onde, das perdas estimadas em R$ 100 bilhões, apenas 6% estavam seguradas.

O volume total de pedidos de indenizações de seguros relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul totalizou cerca de R$ 6,1 bilhões. Em quantidade, as seguradoras registraram 57.638 avisos de sinistro desde o início de maio, com destaque para os seguros Residencial e Habitacional, que somaram 29.831 avisos, e o Automóvel, com 18.097.

A tragédia evidenciou a fragilidade de uma população que ainda vê o seguro como algo distante. Segundo Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, o cenário é um alerta: “Não há mais como imaginar que você mora em uma rua que nunca será alagada.”

Impacto das mudanças climáticas

As mudanças climáticas estão intensificando a frequência e a gravidade de eventos extremos, tornando cada vez mais arriscado não possuir uma proteção financeira. No caso do Rio Grande do Sul, muitas áreas que nunca haviam sido alagadas enfrentaram enchentes devastadoras. Famílias e empresas perderam bens e recursos, evidenciando a necessidade de expandir o acesso aos seguros.

A baixa contratação de seguros tem raízes em fatores como falta de informação, a percepção de que seguros são caros e uma cultura de prevenção pouco desenvolvida. Muitos brasileiros ainda acreditam que eventos catastróficos são raros ou que não os afetarão diretamente, uma visão que os dados recentes contradizem.

Para combater o gap de proteção, o setor segurador tem investido em tecnologia e inovação. Desde 2021, o mercado de seguros registra crescimento de dois dígitos, impulsionado por uma forte transformação digital. Em 2024, as seguradoras destinaram cerca de R$ 20 bilhões para modernizar operações, agilizar processos de sinistros e facilitar a experiência do cliente.

“A aposta em ferramentas digitais visa tornar o seguro mais acessível e eficiente, especialmente nos segmentos de seguro de pessoas, saúde e rural. A digitalização permite processos mais rápidos e menos burocráticos, além de reduzir custos e oferecer produtos mais adaptados às necessidades da população”, explicou Dyogo Oliveira durante coletiva da CNseg em São Paulo.

O desastre no Rio Grande do Sul deixou uma lição clara: ampliar a conscientização sobre a importância do seguro é urgente. Além de proteger bens e patrimônios, o seguro é uma ferramenta essencial para garantir a recuperação econômica e social após desastres. Segundo a CNseg, é necessário reforçar a cultura de prevenção e mostrar que, em um cenário de mudanças climáticas, estar segurado não é um luxo, mas uma necessidade.

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