Carlos Josias: Eu também caí nesta, mas o trajeto foi feito de pé

Confira artigo do advogado sócio fundador e diretor da CJosias & Ferrer Advogados Associados, Carlos Josias Menna de Oliveira
Carlos Josias Menna de Oliveira

Numa época em que se avizinha um feriado mais prolongado, diante da grande festa – talvez a maior – popular do país, em que o entretenimento sai às ruas – mais do que a própria competitividade – em forma de blocos e escolas com propostas cantantes e dançantes de diversão, ainda que no grande palco do eixo central haja uma profissionalização do evento e uma acirrada disputa pelos desempenhos no asfalto – me ocorre lembrar uma antiga brincadeira exercitada no mercado de seguros, ao menos aqui no sul, e que passou para o folclore do Seguro.

Afinal, se encarado com a leveza ideal e necessária, o Carnaval, se não é, deveria ser uma grande brincadeira (mesmo que na apuração dos votos na Sapucaí haja até, como já ocorreu, eventualmente, troca de tiros mas, estamos num país que se troca tiro por muito e por pouco).

A brincadeira que hoje, pudesse, ocasionalmente, ser tachada de politicamente incorreta – sinceramente não sei, vivemos num período de muitas discussões e opiniões sobre o tema e sobre ser ou não ou o que é e o que não é “bullyng” – na realidade aparentava até inocente e era uma forma divertida, se achava assim, de recepcionar alguém no ambiente do seu trabalho que estava começando e que, em geral acabava em confraternização e amizade entre todos.

Na minha trajetória nunca presenciei nenhuma agressão ou sentimento de estar sendo agredido, nas muitas vezes que presenciei o modelo e, também, em regra, se encerrava às gargalhadas com um chopinho no centro de Porto Alegre – onde se concentravam nos anos 60/70/80 e até 90, a grande maioria das sedes e sucursais das maiores empresas de seguro do Estado, e era uma espécie de saudação dos veteranos aos calouros em uma faculdade.

Dizia com o primeiro ou, às vezes, com a atividade no segundo dia de estada no emprego, do alvo. Como se tratava de uma “pegadinha”, para modernizar o termo, eram os dias de estreia os mais apropriados, pois antes do calouro estar já mais adaptado ao âmbito do trabalho.

O noviço podia ser branco, negro, cristão, judeu, descendente de italiano ou alemão, não importava. O fundamental era ser estreante, inexperiente, pois do contrário poderia desconfiar e a “pegadinha” não dava certo, perdia a graça.

Não conheci uma que deu errado.

Recaía, pela natureza do cargo, quase que invariavelmente, no “office boy” ou contínuo, estafeta etc, que sempre era mais baixo cargo da empresa e que estava encarregado dos chamados serviços de rua – hoje em extinção, quase tudo se resolve via on line.

Na rotina de um menino “office boy” de seguradora ou corretora de seguros, constava passar no correio público, para apanhar correspondências, no Sindicato das Seguradoras – onde cada uma mantinha uma caixa postal e por ali se comunicavam entre si em assuntos que não se resolviam ou não se bastavam por telefone – dali para incontáveis outros lugares, bancos – pagamentos e caixas postais também das empresas que alugavam no lugar – e ainda nos órgãos oficiais do setor, INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL e SUSEP.

Pois no primeiro ou segundo dia do “boy” alguém do próprio emprego ligava para diversos lugares onde ele costumeiramente teria que passar, e combinava o trote.

Para o calouro era passada a seguinte tarefa: passa na segurador “x” procura o senhor tal, te identifica, e peça a ele que te entregue a
“Régua de Medir Sinistros”!

E, ali, na primeira parada, era o ponto de partida para a grande maratona, porque dali alguém, já avisado, lhe diz que já não está mais com ele e encaminha o rapaz para outro em outro lugar e assim sucessivamente o “bixo” acaba, naquele dia, conhecendo todos os lugares que seria o seu trajeto quase que diariamente enquanto estiver desempenhando a função.

No final da tarde a ´turma` ficava esperando por ele mesmo que fora do horário e todos lhe perguntavam se havia cumprido a tarefa.

Era uma risada só que, acabava num chopinho no meu caso no Chalé da Praça XV porque, sim, eu cai nesta e tenho muito orgulho disto, ali começou minha caminhada no setor, trajeto que fiz de pé.

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Carlos Josias Menna de Oliveira

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Bruna Nogueira