A longevidade crescente, as transformações tecnológicas e a necessidade de expandir a base de clientes no mercado segurador foram os temas centrais da palestra de Jorge Nasser, presidente da Bradesco Vida e Previdência, durante a 4ª edição da Maratona da Inovação em Seguros. Nasser destacou que a expectativa de vida no Brasil mais que dobrou em um século, passando de 35,4 anos em 1920 para 76,7 anos em 2020, e alertou para a urgência de levar a cultura do seguro a novos públicos em um cenário de rápidas mudanças demográficas e comportamentais.

Nasser compartilhou informações que demonstram o processo de envelhecimento da população do Brasil e suas consequências no mercado. No Rio Grande do Sul, 14,1% da população tem 65 anos ou mais, tornando o estado com a maior proporção de idosos do país. “Essas mudanças são profundas e impactam como vivemos e planejamos o futuro. Hoje, no Brasil, já existem mais de 38 mil pessoas acima de 100 anos,” afirmou.

O presidente da companhia mais inovadora – de acordo com votação que ocorreu no evento – também explorou as diferenças entre as gerações e como essas características influenciam o consumo e o planejamento de seguros. Desde os baby boomers, que cresceram no pós-guerra e viveram um momento de esperança e reconstrução, até a geração Z, que nasceu conectada e desconhece tecnologias analógicas, como telefones fixos e locadoras de vídeo. “Agora temos a geração alfa, ainda em descoberta, que já vive totalmente imersa em redes sociais e dispositivos tecnológicos,” pontuou.

Fazendo uma comparação, o executivo associou o mercado atual a um jogo de xadrez, no qual as jogadas são mais elaboradas e requerem estratégias sofisticadas. “Antes jogávamos damas, com regras claras e previsíveis. Agora, o tabuleiro parece o mesmo, mas as peças, os jogadores e as variáveis, como a inteligência artificial, mudaram completamente. Precisamos prever movimentos e nos antecipar às mudanças,” explicou.

O presidente também destacou que um dos maiores desafios do setor é ampliar a base de clientes e disseminar a cultura do seguro. “Não podemos continuar vendendo só para quem já é cliente. Precisamos falar com aqueles que continuam fora do sistema. Esse é o nome do jogo: trazer gente para dentro. Caso contrário, vamos continuar fazendo o mesmo de sempre, vender para os mesmos,” enfatizou.

Nasser ressaltou ainda que a tecnologia é uma aliada fundamental nesse processo, mas alertou sobre a importância de equilibrá-la com a humanização. “A inteligência artificial e os dados ajudam muito, mas o que realmente conquista e mantém o cliente é a confiança. Precisamos falar mais sobre seguro com todos os brasileiros, e não apenas com aqueles que já nos conhecem,” concluiu.