Edward Lange destaca necessidade de cobertura obrigatória para desastres climáticos durante a Conseguro 2025

Painel “O papel do setor de seguros no enfrentamento da transição climática” reuniu lideranças de destaque para refletir sobre o papel estratégico do seguro diante dos novos riscos climáticos.

A urgência da transição climática e os impactos dos desastres naturais foram o centro das discussões de painel da Conseguro 2025, promovido pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), nesta terça-feira (27), no World Trade Center, em São Paulo. O painel “O papel do setor de seguros no enfrentamento da transição climática” reuniu lideranças de destaque para refletir sobre o papel estratégico do seguro diante dos novos riscos climáticos.

Representando o Grupo Sancor Seguros, Edward Lange, líder de estratégia e planejamento, que apresentou um olhar crítico sobre os caminhos trilhados até aqui. Segundo ele, embora a Resolução 666 da Susep, publicada em 2021, tenha colocado o tema definitivamente na pauta, ainda há um “paradoxo” a ser superado.

Desde então, o setor claramente fortaleceu sua competência na gestão dos riscos climáticos, com o uso de inteligência artificial, big data e outros modelos avançados. Mas esses avanços, muitas vezes, têm servido para evitar a subscrição dos riscos climáticos, o que compromete a ampliação da proteção à sociedade”, alertou Lange.

O executivo exemplificou o fenômeno com o caso dos incêndios florestais ocorridos em Los Angeles no início do ano, quando diversas seguradoras se retiraram da região diante da alta exposição. “Não é uma crítica às companhias. Eu teria feito o mesmo. A questão é que o mercado precisa de lucro para garantir sua solvência”, ponderou.

Para ele, a única forma de resolver esse paradoxo é por meio de uma ampla colaboração público-privada, com políticas que aumentem a segurabilidade e gerem volume suficiente para garantir equilíbrio ao sistema. Lange destacou como referência a recente aprovação, na Itália, de uma legislação que obriga todas as empresas — inclusive microempresas — a contratar seguros contra eventos climáticos. “Isso gera massa crítica e coloca o tema no centro das decisões empresariais.”

Ao abordar a necessidade de educação securitária, Lange reforçou que conscientizar a população sobre os riscos climáticos e os benefícios do seguro é essencial, mas não será suficiente no ritmo exigido pela emergência ambiental.

Em 2024, os brasileiros apostaram mais em casas de apostas esportivas do que contribuíram para a previdência. Isso mostra o tamanho do desafio cultural que enfrentamos. A educação é urgente, mas levará tempo — enquanto os eventos extremos se intensificam”, destacou.

Segundo ele, a solução mais pragmática pode estar justamente na obrigatoriedade de proteção. “Nada educa tão rápido quanto o que é obrigatório. Por isso, considero que o projeto do Seguro Social Catástrofe obrigatório, proposto pela CNseg, é o melhor ponto de partida”, defendeu Lange.

O painel também contou com a presença de nomes como Edson Franco, presidente da FenaPrevi, que lembrou que o seguro “não vende indenização, compra risco”, destacando a relação direta entre a qualidade do resultado e a qualidade dos riscos assumidos. Já Ana Toni, CEO da COP 30, que acontecerá em Belém em 2025, reforçou a importância da cooperação entre esferas públicas e privadas, afirmando que “a prevenção precisa ser parte da estratégia nacional diante das mudanças climáticas”.

Cristina Reis alertou para a urgência de o setor segurador integrar as agendas de adaptação e regulamentação climática. “Só com a participação ativa nas decisões será possível calcular corretamente os riscos da inação”, afirmou.

Encerrando o painel, o deputado Fernando Monteiro lembrou que “a seca não se combate, se convive com ela”, chamando atenção para políticas públicas de adaptação e convivência com os novos padrões climáticos.

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