Diante de um cenário climático cada vez mais instável e extremo, os mercados seguradores do Brasil e de Portugal estão intensificando o diálogo em busca de soluções conjuntas. Em encontro realizado em Lisboa, o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, e o presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), José Galamba de Oliveira, debateram iniciativas estratégicas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e evitar que a crise ambiental se transforme também numa crise de segurabilidade.
“A intensificação dos eventos extremos, como secas e enchentes, ameaça a sustentabilidade técnica do seguro tradicional. Precisamos de inovação, cooperação e, sobretudo, coragem para adaptar o setor a esse novo tempo”, afirmou Dyogo Oliveira durante a reunião.
Desertos de seguro: um alerta global
O Brasil já vive os efeitos dessa transformação. O Rio Grande do Sul, que enfrentou enchentes severas nos últimos 2 anos preocupa o mercado. “Tenho receio de vermos surgir os chamados desertos de seguro — áreas onde simplesmente não há cobertura. Nos EUA, isso já é realidade em zonas de furacão e incêndios florestais. O Brasil precisa agir antes que isso se torne irreversível”, alertou Oliveira
Portugal também sente os extremos
José Galamba de Oliveira compartilhou os desafios climáticos recentes em Portugal. “Tivemos o maio mais chuvoso em 50 anos e, semanas depois, enfrentamos ondas de calor que elevam o risco de incêndios. O anticiclone dos Açores ainda nos protege em parte, mas já vivemos os efeitos da nova realidade climática”, destacou.
Segundo ele, a repetição de eventos extremos e a perda da neutralidade climática impõem uma reinvenção do setor. “Não se trata mais de saber se os eventos acontecerão, mas com que frequência e intensidade.”
Troca de experiências e construção de soluções
Durante o encontro, a APS apresentou à CNseg uma plataforma digital desenvolvida em Portugal para mapeamento de riscos climáticos, especialmente inundações, que já é usada no processo de subscrição pelas seguradoras portuguesas. A ferramenta tem semelhanças com o Hub de Risco Climático que está sendo desenvolvido pela CNseg, iniciativa essa que reúne dados socioambientais, análises de risco e projeções climáticas, com apoio de universidades.
“O uso intensivo de dados e inteligência geográfica é essencial para garantir a continuidade do seguro em áreas vulneráveis”, explicou Dyogo Oliveira. Duas bases de dados já estão em fase final de desenvolvimento no Brasil: uma voltada ao seguro rural, com histórico ambiental e social dos produtores, e outra focada em áreas com risco de inundação.
Seguro de Catástrofe e inovação regulatória
Outra proposta em discussão é a criação no Brasil, destacou Dyogo à APS, é o Seguro Social de Catástrofe — um produto paramétrico de indenização emergencial (R$ 10 mil) para famílias atingidas por enchentes e deslizamentos. A contratação seria acoplada à conta de luz, garantindo capilaridade. “Estamos em articulação com o Legislativo para apresentar o projeto de lei ainda este ano”, afirmou Oliveira.
Além disso, foram discutidas iniciativas como o uso de green bonds pelo Tesouro Nacional, o desenvolvimento de seguros para concessões florestais e a definição da taxonomia sustentável do setor de seguros, com atenção para evitar exclusões arbitrárias de setores produtivos.
COP 30 no horizonte
O encontro também reforçou o convite à APS para participar da Casa do Seguro, estrutura que será montada pela CNseg durante a COP 30, em Belém (PA), em 2025. Com 1.600 m², o espaço funcionará como um hub de conteúdo, diálogo internacional e articulação do setor segurador com agendas de adaptação, mitigação e financiamento climático.
“Essa cooperação entre Brasil e Portugal é um passo importante para que os mercados seguradores estejam à altura dos desafios da transição climática. O futuro do seguro será colaborativo ou não será”, concluiu Dyogo Oliveira.
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