Como o setor de seguros pode ajudar a mitigar os impactos das queimadas na Califórnia

Incêndio em uma floresta

Os incêndios que devastam a Califórnia deixam um rastro de destruição, vidas perdidas e milhares de pessoas desabrigadas. Segundo o chefe dos bombeiros do Condado de Los Angeles, Anthony C. Marrone, ao menos duas mortes já foram confirmadas nas queimadas que atingem a região de Eaton. Mais de 100 estruturas foram destruídas, e cerca de 30.000 pessoas receberam ordens de evacuação, reforçando a gravidade da situação.

Neste caso, o papel do setor de seguros torna-se crucial para mitigar os impactos financeiros e sociais causados pelo ocorrido. Marlon Basso, Superintendente de Sinistros da REP, oferece importantes reflexões sobre como as corretoras podem agir em situações como essa.

Impactos no mercado de seguros 

“As queimadas de grande escala têm efeitos profundos no mercado de seguros, especialmente em apólices de propriedades e responsabilidades civis”, explica Basso. Ele destaca que os danos causados por incêndios florestais frequentemente resultam em sinistros de grande magnitude, afetando diretamente a rentabilidade das corretoras. Esse cenário, agravado pela intensificação dos eventos climáticos extremos, obriga o setor a rever constantemente suas estratégias de subscrição e modelagem de risco.

Além disso, incêndios originados por negligência ou má gestão podem desencadear ações judiciais significativas, aumentando a demanda por apólices de responsabilidade civil. No entanto, essas apólices também se tornam mais caras e restritas, refletindo os desafios impostos pela alta frequência de desastres naturais.

Preparação e mitigação

Basso ressalta que o setor tem preparação de empresas e indivíduos para desastres naturais. “A chave está em combinar prevenção, contenção e educação”, afirma.

  1. Prevenção e análise de riscos
    As seguradoras podem usar tecnologias avançadas, como modelagem de risco, para identificar áreas vulneráveis e recomendar práticas resilientes. “Oferecer descontos em prêmios para propriedades que adotem medidas como uso de materiais resistentes ao fogo ou instalação de zonas de amortecimento é uma maneira prática de reduzir riscos”, sugere Basso. 
  2. Incentivo à contenção de danos ambientais
    Ao exigir seguros ambientais ou incentivar práticas sustentáveis, o setor pode colaborar para a proteção do ecossistema. Basso aponta que iniciativas como reflorestamento e manejo adequado do solo são fundamentais para minimizar o risco de incêndios e mitigar seus efeitos. 
  3. Educação e conscientização
    “A conscientização é um dos pilares mais importantes”, destaca Basso. Investir em treinamentos, manuais de boas práticas e campanhas educativas ajuda empresas e indivíduos a entenderem os riscos e tomarem decisões mais informadas. 
  4. Produtos de seguro customizados
    Produtos como seguros paramétricos, que liberam indenizações com base em índices predefinidos (por exemplo, extensão da área queimada), são soluções inovadoras para garantir um pagamento mais rápido e eficiente. 
  5. Parcerias públicas e privadas
    Por meio de colaborações com governos e organizações, as seguradoras podem promover políticas públicas voltadas à redução de riscos. Isso inclui incentivos fiscais para construções em áreas seguras e financiamento de tecnologias para prevenção de incêndios. 

Apoio às comunidades afetadas

Enquanto os esforços dos bombeiros continuam para conter as chamas e proteger vidas, o setor de seguros deve se posicionar como aliado estratégico, não apenas oferecendo apoio financeiro, mas também ajudando a prevenir e mitigar os danos de futuros desastres.

“Em situações como as queimadas na Califórnia, a atuação integrada do setor de seguros com a sociedade e as autoridades pode fazer toda a diferença, transformando desafios em oportunidades para proteger vidas, patrimônios e o meio ambiente”, conclui Basso.

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Crédito texto:

Fernanda Torres

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Bruna Nogueira