Especialistas explicam salto na procura por seguros de doenças graves no Brasil

Brasileiros destinaram R$ 12,3 bilhões à contratação e manutenção de seguros de pessoas no primeiro bimestre.

Os brasileiros destinaram R$ 12,3 bilhões à contratação e manutenção de seguros de pessoas no primeiro bimestre. A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) fez um levantamento com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e descobriu que os prêmios dessa modalidade cresceram 22,2% nos dois primeiros meses do ano. Este número é maior do que o do segmento de Vida Individual, que cresceu 14,7% no mesmo período.

O movimento, segundo especialistas, está longe de ser pontual. Bernardo Castello, 1º vice-presidente da Fenaprevi, ressalta que o crescimento é resultado de uma tendência que se intensificou ao longo da última década. “Houve uma ampliação das coberturas voltadas para uso em vida e mais seguradoras passaram a atender esse nicho”, afirma em entrevista ao Valor Investe.

De acordo com Castello, os seguros de doenças graves são uma opção relevante tanto para quem já possui plano de saúde quanto a dependentes do sistema público. “Para quem tem plano, a indenização pode servir como suporte financeiro para aquisição de medicamentos ou acesso a tratamentos mais avançados. Já quem não tem, pode garantir um atendimento mais digno e de maior qualidade após o diagnóstico de uma doença grave”, explica.

As apólices, que diferem dependendo da seguradora, costumam abranger diagnósticos de câncer (em certos tipos e fases), enfermidades cardíacas, AVC e, em algumas situações, transplantes de órgãos. Ao contrário do seguro de vida convencional, que transfere uma quantia aos beneficiários após a morte do segurado, o seguro de doenças graves proporciona uma compensação ao próprio contratado, viabilizando assistência durante o tratamento e auxiliando na gestão da perda temporária de rendimentos.

 

Cenário estrutural e demanda

Jean Figueiró, presidente do Clube de Seguros de Vida e Benefícios do Rio Grande do Sul (CVG-RS) e diretor da KSA Corretora, reforça que a demanda crescente por esse tipo de cobertura reflete uma mudança estrutural no comportamento do consumidor. “O crescimento de 22,2% se deve, principalmente, à maior conscientização sobre saúde após a pandemia, ao envelhecimento da população, à ampliação dos diagnósticos precoces e às limitações do sistema público”, destaca.

Segundo ele, outros fatores também explicam o avanço: produtos mais acessíveis e digitais, com contratação simplificada, e uma crescente preocupação com a proteção financeira. “Vivemos um momento de muitas incertezas econômicas. Ter um seguro que oferece suporte em vida, no momento de maior vulnerabilidade, se tornou uma prioridade”, completa.

A atratividade das apólices está justamente na proposta de oferecer cobertura em momentos críticos da vida, e não apenas após a morte. A indenização recebida pode ser usada conforme as necessidades do segurado.

O especialista ainda aponta que essa modalidade de seguro deve manter seu ritmo de crescimento nos próximos anos, consolidando-se como um importante instrumento de planejamento e proteção às famílias brasileiras.

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Fernanda Torres

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