Por ser um setor extremamente pulverizado, não há um ranking das maiores corretoras de seguro no Brasil, a exemplo do que existe entre as seguradoras, embora as estatísticas extraoficiais apontem que as primeiras posições estejam com aquelas diretamente ligadas a instituições financeiras. Mas as corretoras independentes mostram que têm apetite para disputar o mercado e alterar esse cenário nos próximos anos.
Com base no ranking 2024 da Business Insurance, constata-se que seis entre as dez maiores corretoras globais – Marsh, Aon, Gallagher, WTW, Acrisure e Lockton – já fincaram suas bandeiras no mercado brasileiro, com projetos de expandir os seus negócios, seja organicamente, seja por participação em corretoras locais, como também pela aquisição de empresas menores. Os focos principais estão em obras de infraestrutura, resseguros e no agronegócio, setor em que apenas 7,6% da área cultivável está coberta por seguro rural, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, trabalhados pelo Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo dados de 2024 da Superintendência de Seguros Privados (Susep), estão cadastradas 57.455 corretoras de seguro no país, a maioria de pequeno porte, voltadas para a distribuição de ramos elementares e auto para pessoa física. Já aquelas especializadas têm despertado a atenção dos grandes grupos globais, que estão de olho no potencial crescimento do mercado e nas oportunidades.
Espaço para novos negócios não deve faltar. Segundo projeção da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), o setor de seguros deverá fechar 2025 com um crescimento de 10% em relação a 2024, que registrou receitas da ordem de R$ 435,56 bilhões, volume 12,2% acima do obtido em 2023.
De olho no agronegócio, a corretora Alper pagou quase R$ 100 milhões pela catarinense Fracel, especializada em fertilizantes e na cadeia produtiva animal. Consumada em 2024, foi a quarta aquisição da Alper no setor agro e não parou por aí. “Somos a maior consolidadora do mercado nacional. Apenas neste ano, compramos mais cinco corretoras, em um total de 24 operações de M&A nos últimos oito anos sob minha gestão. Desde que foi fundada, em 2010, foram 72 aquisições”, afirma Marcos Couto, CEO da Alper Corretora de Seguros, que tem entre seus 20 mil clientes grupos do porte da Cosan e da SLC.
Desde 2024, 75% da Alper está sob controle do grupo norte-americano de private equity Warburg Pincus, que avaliou a corretora em R$ 850 milhões, o que tem impulsionado o volume de M&A. Apenas para 2025, a Alper tem reservados R$ 400 milhões para aquisições. “Focamos em corretoras especialistas, nas quais 70% da receita está concentrada em um ou dois ramos. Assim, absorvemos bons executivos para nosso negócio”, afirma Couto.
A gigante norte-americana Acrisure entrou no Brasil em 2021 por meio da compra da It’sSeg, corretora criada em 2014 por Thomaz Menezes, seu atual CEO. “A It’sSeg já fez 15 aquisições, a maioria de corretoras focadas em benefícios e ramos elementares. Hoje, processamos R$ 5,4 bilhões em prêmios, temos mais de dois milhões de vidas seguradas, 900 colaboradores e 16 escritórios. A Acrisure tem um perfil semelhante, já fez mais de 900 operações de M&A em dez anos”, afirma Menezes.
A operação mais recente foi a compra da plataforma digital Finn, que oferece cotações de seguro garantia 100% on-line. “O seguro garantia é associado a operações vultosas de infraestrutura, mas nosso foco são contratos de menor complexidade, como litígios trabalhistas e demandas judiciais de impostos. No ano passado, emitimos R$ 150 milhões em prêmios nesse ramo e queremos crescer 25% em 2025”, afirma o executivo. Para os próximos três anos, diz Menezes, a meta é dobrar de tamanho e replicar o modelo na Argentina, México, Colômbia e Peru.
Há companhias que optam por outros caminhos. Desde a década de 1950 no Brasil, o centenário grupo WTW tem investido em tecnologia e capacitação da equipe como principais estratégias. “Crescemos 53% nos últimos três anos de maneira orgânica. Não sou contra aquisições, mas temos fortaleza técnica da marca, da reputação e da entrega que nos permite entrar nos mercados desejados”, afirma Eduardo Takahashi, CEO da WTW no Brasil. Com cerca de mil funcionários, Takahashi destaca que 25% possuem funções gerenciais, com formação específica conforme a área de atendimento. “No agronegócio, temos uma área de riscos e análises, com especialistas e consultores desde sistemas paramétricos até serviços de resiliência climática”, diz o executivo. Em determinadas regiões do Centro-Oeste, relata, a falta de presença física é compensada por meio da parceria com um banco (não revelado) especializado no agronegócio.
Terceira maior corretora global, segundo a Business Insurance, a Gallagher é uma novata no mercado brasileiro. Com apenas cinco anos no país, já participou em contratos de resseguro nas usinas de Jirau e Belo Monte e, atualmente, no complexo hidrelétrico de Azulão (AM). “No início, crescemos organicamente 25% e depois partimos para M&A”, afirma Luiz Araripe, country manager da Gallagher.
As duas principais aquisições foram do grupo paulista Interbrok, especializado em ramos elementares e resseguros, e do grupo Case, forte em benefícios corporativos e saúde, operação concluída em fevereiro. Com meta de fechar o ano com R$ 3,5 bilhões em prêmios, Araripe acredita que as operações trarão um equilíbrio de receita entre os negócios de ramos elementares e benefícios.
Maior seguradora 100% digital, a Minuto Seguros nasceu há dez anos, especializada no púbico de seguro auto. Nesse período, emitiu mais de 1,2 milhão de apólices de auto e faturou cerca de R$ 2,4 bilhões em prêmios. Vendida em 2021 para o grupo Creditas, a corretora estendeu suas atividades para outros ramos. “Investimos em tecnologia na melhora do atendimento ao cliente. Cerca de 90% dos clientes de autos renovam o seguro conosco e 37% da carteira de ramos elementares veio de clientes que entraram via auto”, revela Renato Gonçalves, VP de sales&costumer da Minuto Seguros. Como a marca está consolidada no segmento de automóveis, Gonçalves acredita no crescimento do mercado de frotas para pequenas, médias e grandes empresas. “Já trabalhamos com seguros de frotas com mais de 1,5 mil veículos”, afirma o executivo.
Desde o longínquo ano de 2002, quando desembarcou em terras brasileiras e comprou a corretora Lazam (do grupo Suzano), o grupo português MDS cresceu por meio de estratégias de M&A e parceria com instituições financeiras. “Nos últimos sete anos, realizamos 15 aquisições de corretoras em nichos distintos, em paralelo com parcerias com bancos, e estamos ampliando nossa atuação na América Latina”, afirma Ariel Couto, CEO da MDS Brasil. A operação mais relevante foi em 2024, com a aquisição da D’Or Consultoria, do segmento de benefícios, que elevou os prêmios da MDS de aproximadamente R$ 4,5 bilhões para R$ 10 bilhões. A operação ficou em R$ 800 milhões, segundo a D’Or. Desde 2022, o grupo MDS faz parte da companhia inglesa Ardonagh.
Corretora controlada pelo grupo mineiro Maldivas Holding, a Globus Seguros aposta no crescimento por meio do modelo “white label”, no qual desenvolve e repassa ferramentas de tecnologia para corretoras parceiras sem que estas percam suas marcas originais. Segundo Christian Wellisch, CEO da Globus Seguros, trata-se de um modelo disruptivo no setor. “Gera um alinhamento maior em nosso modelo de negócio com os nossos sócios”, diz. Em 2024, a Globus emitiu mais de R$ 400 milhões em prêmios. Os ramos com maior participação foram seguro garantia, benefícios e vida em grupo.
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