Seguros impulsionam transição sustentável no campo, afirmam especialistas em evento da CNseg

Papel estratégico do seguro rural na transição para um agronegócio mais resiliente às mudanças climáticas foi destaque durante painel.

Representantes do governo, do setor produtivo e da academia destacaram o papel estratégico do seguro rural na transição para um agronegócio mais resiliente às mudanças climáticas durante o painel “Seguros para Soluções Baseadas na Natureza e Agronegócio Sustentável”, do seminário “Pré-COP30 – A Casa do Seguro”, promovido pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), em 8/10, em Brasília.

A moderação ficou a cargo de Fátima Lima, presidente da Comissão de Integração ASG da CNseg, que abriu o debate lembrando que “o seguro é uma ligação entre o risco climático, a resiliência, as soluções baseadas na natureza e também a segurança para bancos, investidores e produtores”.

 

Governo: adaptação climática e fortalecimento do seguro rural

O secretário nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Aloisio Lopes, apresentou os avanços do Plano Clima, que orientará a política brasileira sobre o tema até 2035. Ele destacou que a parte referente à adaptação já está em estágio avançado, com 16 planos setoriais em elaboração, incluindo o agropecuário.

O Brasil já está vivendo a mudança do clima”, afirmou. Segundo Lopes, o país precisa “retomar e ampliar o papel do seguro rural como instrumento de proteção”, integrando-o às estratégias de adaptação do setor produtivo.

Em sua intervenção, o secretário ressaltou o potencial das soluções baseadas na natureza (SBN). “A recomposição de vegetação nativa é talvez a melhor tecnologia de remoção de carbono da atmosfera. O desafio agora é reconhecer o valor dos serviços ambientais prestados pelas áreas de vegetação”, observou, citando o Fundo Clima e novas linhas de financiamento para recuperação de áreas degradadas.

 

Academia: informação e tecnologia como alicerces

O coordenador da FGV Agro, Guilherme Bastos, apontou a necessidade de políticas públicas mais robustas e de melhor uso dos dados disponíveis. “A nossa preocupação é tão grande com esse tema que nós acabamos de fundar um Observatório do Seguro Rural”, contou.

Ele enfatizou que atualmente apenas 3 milhões de hectares estão cobertos por seguro no país, o que representa um risco para a segurança alimentar. “Isso é muito pouco. É uma questão estratégica interna e deveria gerar uma maior sensibilização”, alertou.

Ao abordar o papel da inovação, Bastos destacou o avanço das tecnologias de satélite e de modelagem climática. “Sem segurança com relação às informações de monitoramento e verificação, não se anda”, disse, defendendo o uso de métodos autodeclaratórios e sistemas de verificação via satélite para sustentar seguros mais modernos e precisos.

 

Setor produtivo: seguro como garantia de sobrevivência

O diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Ricardo Sassi, ressaltou que o Brasil já possui uma base sustentável expressiva, com apenas um terço do território ocupado pela agropecuária. “Sem seguro agrícola, é impossível, nos próximos 10 ou 15 anos, o produtor se manter na terra”, advertiu.

Sassi lembrou que os riscos climáticos são incontroláveis para o produtor e que o seguro é “a única ferramenta que vai salvar o produtor no campo”. Ele defendeu a ampliação da subvenção pública e alertou: “Não existe seguro agrícola em lugar nenhum do mundo que deu certo sem a subvenção. É essencial”.

 

Síntese e consenso

Ao final do painel, Aloisio Lopes destacou o desafio de transformar o conhecimento sobre riscos climáticos em políticas públicas eficazes. “Precisamos conhecer esse contexto, disponibilizar a informação e transformar isso em orientação para os vários setores”, concluiu.

Guilherme Bastos reforçou que o papel da academia é auxiliar o governo na melhor alocação dos recursos públicos, que são finitos. E Ricardo Sassi encerrou com um apelo direto: “Que esses recursos venham para o seguro agrícola, que é a única forma de garantir a continuidade da produção diante dos eventos climáticos extremos”.

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Leandro Lacerda/CNseg

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