No 1º Congresso CVG RS, realizado ontem, 26, no Teatro da PUCRS, ocorreu a palestra do vice-presidente corporativo da Icatu Seguros, César Saut. Com seu estilo direto, bem-humorado e profundo, ele conduziu uma fala provocativa, onde o fio condutor era o tempo — não o tempo das apólices, mas o da vida.

“Tempo é o único ativo. Toda pergunta existencial se responde com ele”, afirmou, diante de um auditório atento. “Perdeu o casamento? Faltou tempo. Seu filho se afastou? Não há empenho na relação. Um corretor parou de produzir contigo? Você não se dedicou com ele.”

Com 55 anos e uma carreira de três décadas dedicadas à Icatu, onde iniciou e estruturou a operação no Sul do país, Saut lembrou que hoje a companhia movimenta R$ 3 bilhões em prêmios de seguro de vida só na região Sul. “De previdência, são R$ 20 bilhões de reserva aqui, e R$ 1,5 bilhão em capitalização”, apontou, sem vaidade, mas com a clareza de quem viu esse crescimento acontecer do zero.

Entre metáforas irreverentes e episódios pessoais, costurou um discurso sobre a finitude da vida, o valor das experiências e a necessidade de ressignificar o dia. “Eu tenho hoje nove mil dias de vida pela frente, se tudo correr bem. Meu tempo tem que ser caro. Não aceito mais nada ruim. Mas se um amigo me chama pro velório da mãe dele, eu vou. Porque isso vale muito.”

A conversa trouxe também episódios curiosos, como o convite inesperado para um evento do Prêmio iBest no Palácio Piratini. “Cheguei lá, tinham 109 influenciadores com mais de um bilhão de seguidores somados. Eu olhava e pensava: gente estranha dando opinião sobre tudo. Mas sabe de uma coisa? Eu fui, cumpri, me diverti. No dia anterior, tinha ido a dois jantares e a um velório. Cumpri minha agenda.”

Mas talvez o trecho marcante tenha sido o que Saut chamou de sua “carta ao tempo”. Ele citou Henri Bergson, Einstein e Albert Camus para mostrar que a existência não se mede apenas no relógio — se mede na qualidade do que se vive.

“Tempo bom vale mais que tempo ruim. Um final de semana incrível parece que durou cinco dias. Isso é libertador. Esquece o propósito da vida. Pensa no propósito do teu dia. Se tu encontra felicidade no dia, mudou o mundo.”

A palestra mesclou filosofia, vivência corporativa e provocações existenciais. Com uma abordagem intensa, Saut discorreu não sobre apólices ou vendas, mas sobre o verdadeiro significado por trás de tudo isso.

“Enquanto eu estiver me divertindo, sigo. O dia que não fizer mais sentido, eu paro. Mas até lá, eu sigo carregando a pedra. Só que sorrindo.”