A Superintendência de Seguros Privados (Susep) acaba de divulgar o estudo “Lacuna de Proteção para Catástrofes Naturais: estudo de caso sobre os eventos no Rio Grande do Sul durante o outono de 2024”.
Elaborado pela Coordenação-Geral de Estudos Econômicos da Susep, o estudo busca estimar a lacuna de proteção para catástrofes naturais no Brasil, com base no caso das chuvas torrenciais que assolaram o Rio Grande do Sul entre o final de abril e início de maio de 2024.
A lacuna de proteção é uma medida que busca estimar a diferença entre o total de perdas econômicas e as indenizações pagas pelos seguros em relação a determinados riscos. Segundo Gabriel Porto, que coordenou os trabalhos de elaboração, alguns dos principais usos dessa métrica estão associados às catástrofes naturais. “No atual contexto de acirramento da crise climática, em que se observam eventos extremos cada vez mais frequentes e destrutivos, o tema tem sido discutido internacionalmente”, destaca Gabriel.
De acordo com o documento, estimativas de fontes externas apontam para efeitos de até aproximadamente R$ 89 bilhões por conta das chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul, enquanto os sinistros avisados por conta dessa catástrofe alcançaram R$ 6 bilhões até setembro de 2024, segundo dados do setor de seguros.
O resultado é uma lacuna de proteção que pode chegar até 93% para o caso da catástrofe no Rio Grande do Sul, um valor que aponta para a existência de um amplo campo para se estudar formas de aumentar a proteção oferecida pelos seguros privados no país, sem perder de vista a sua resiliência e capacidade de gerenciar riscos.
Como comparação, o estudo apresenta que as perdas seguradas em um evento semelhante ao furacão Katrina, ocorrido nos Estados Unidos em 2005, totalizariam US$ 60 bilhões contra US$ 175 bilhões de perdas econômicas – uma lacuna de proteção por seguros privados de nada menos que 65%.
Em outro estudo sobre o tema, a Swiss Re estimou que, em 2023, as catástrofes naturais causaram perdas econômicas de US$ 280 bilhões em escala global, dos quais US$ 108 bilhões foram indenizados por seguros, resultando em uma lacuna de proteção de aproximadamente 61,4%.
Para o Superintendente da Susep, Alessandro Octaviani, o estudo vai subsidiar a Autarquia em discussões que já estão em andamento, a exemplo dos diálogos no âmbito do Grupo de Trabalho que discute a Política Nacional de Acesso ao Seguro. “O Brasil tem um enorme potencial de crescimento para o mercado de seguros. O seguro precisa ser conhecido e, portanto, acessado pela população, reduzindo essa lacuna de proteção identificada pelo estudo. Precisamos de estratégias para alcançar e mobilizar esta grande capacidade de mercado que nós temos”.
Veja o estudo sobre lacuna de proteção securitária na íntegra.
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